Lideranças vão apresentar proposta para Azul seguir em PG

A reunião realizada na tarde desta quinta-feira (6), em Curitiba, que debateu a suspensão dos voos comerciais em Ponta Grossa e tratou dos investimentos a serem realizados no Aeroporto Sant'Ana, definiu que uma nova proposta será ofertada para a Azul Linhas Aéreas permanecer no município.

Durante a reunião, o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, junto de demais membros do Governo do Estado, apresentou os motivos que fizeram Azul Linhas Aéreas suspender as operações em Ponta Grossa. A conversa entre representantes do governo estadual, entidades e empresas locais foi marcada por debates sobre a viabilidade e as soluções necessárias para reverter a situação.

Sandro Alex afirmou que o aeroporto de Ponta Grossa não se viabilizou, o que levou à decisão da Azul de suspender os voos. Segundo ele, o problema está relacionado à baixa movimentação de passageiros nos últimos anos, um fator que, em conjunto com a falta de investimentos, resultou em prejuízos. A cidade, conforme o secretário, precisa oferecer uma proposta concreta e viável para garantir a continuidade da operação aérea, com o apoio do governo estadual e deputados.

Segundo Sandro, o governo do Paraná, por meio de programas como o Voe Paraná, tenta fornecer subsídios para apoiar a operação de voos comerciais. Ele também destacou a conclusão de investimentos em outros aeroportos do estado, como os de Cascavel e Maringá, que receberam investimentos expressivos, enquanto o aeroporto de Ponta Grossa continua sem avanço significativo no projeto de obras.

Em um momento da reunião, um técnico da Secretaria de Estado da Fazenda explicou que a operação de Ponta Grossa se tornou financeiramente inviável e que o desafio agora é encontrar uma proposta que seja atraente para a Azul. Ele destacou ainda que o Estado tem subsidiado a operação com incentivos fiscais, incluindo a redução de tributos sobre o combustível, mas reiterou que, sem passageiros suficientes, a operação não se sustenta.

Nesse momento, a deputada Márcia Huçulak (PSD) questionou se o subsídio do combustível, que pode chegar a 7%, é para todas as empresas que operam no estado. Os técnicos que estavam presentes na reunião explicaram que isso varia e depende do acordo com cada operadora.

UNIÃO DE ESFORÇOS - A presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Giorgia Bin Bochenek, lamentou a suspensão dos voos e ressaltou a importância de melhorias na infraestrutura do aeroporto para o desenvolvimento da cidade. Ela apelou pela união de todos os setores locais para reverter a situação e destacou que a retirada dos voos prejudica diretamente o setor logístico, especialmente considerando a presença de mais de 250 transportadoras na região.

A deputada Mabel Canto (PSDB) sugeriu a formação de uma comissão, envolvendo a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), a Acipg e outros setores, para discutir soluções práticas e buscar mais recursos para o aeroporto. Ela ainda se ofereceu para mobilizar outros parlamentares para garantir a continuidade dos investimentos necessários. O deputado estadual Fábio Oliveira (Podemos) também concordou com a formação dessa comissão, destacando que, se o problema tivesse sido identificado antes, poderiam ter sido adotadas medidas preventivas para Ponta Grossa.

O deputado Marcelo Rangel (PSD) afirmou que está à disposição para colaborar com a formação da comissão. Na busca por soluções, Rangel se prontificou a dialogar com o governador Ratinho Junior (PSD).

O presidente da Câmara Municipal de Ponta Grossa, Julio Küller (MDB), disse que o Legislativo Municipal quer apoiar os investimentos no aeroporto. Ele destacou que a Câmara pode ajudar até mesmo com recursos. Küller pediu o apoio do governador para atender as questões problemáticas que envolvem o aeroporto e ressaltou que o Estado precisa ajudar Ponta Grossa, visto que é a quarta cidade do Paraná que mais arrecada ICMS.

PRIVATIZAÇÃO - Outro ponto discutido foi a necessidade de revisar os horários e destinos dos voos, sugerido pela secretária de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, Faynara Merege, pois, segundo ela, os atuais horários e destinos não atendem adequadamente às necessidades da população. 

A secretária também destacou que teve reuniões com a Infraero para discutir a possibilidade de privatização do Aeroporto Sant'Ana. A Infraero estipulou que a outorga teria valor superior a R$ 140 milhões, entretanto a Prefeitura teria que abdicar dos R$ 35 milhões reservados pelo Governo do Estado, com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), em 2021 – valor corrigido que hoje ultrapassa os R$ 65 milhões.

Quanto à privatização do aeroporto, Sandro Alex ponderou que esse processo poderia levar muitos anos, pois a busca por uma nova área para o aeroporto seria difícil e onerosa. Ele propôs que, inicialmente, o foco fosse a revitalização do aeroporto atual e que, se fosse o caso, futuramente se pensaria em alternativas, como a privatização. No entanto, a prioridade imediata seria garantir que o aeroporto de Ponta Grossa não perca os recursos já alocados pelo Governo Federal.

OBRAS NO AEROPORTO SANT'ANA - Outro aspecto discutido foi a ampliação da pista, sendo apontado que um estudo técnico sobre sua viabilidade seria essencial para determinar os próximos passos. A Acipg, por meio de sua presidente, sugeriu que a Prefeitura e a entidade contratassem um estudo sobre a viabilidade da ampliação da pista, a fim de garantir que as obras atendam às necessidades do aeroporto.

Faynara Merege revelou que um orçamento chegou a ser feito pela Prefeitura sobre estudo da pista. Ela disse que o investimento seria menor que R$ 1 milhão. Contudo, destacou que o mais urgente, no momento, é resolver a questão dos voos, para que Ponta Grossa não os perca. "Não adianta iniciar obras, se não tiver passageiros", disse.

O secretário de Infraestrutura e Planejamento de Ponta Grossa, Luiz Henrique Honesko, relembrou que as obras de melhorias do terminal de passageiros, licitada em 2021, virou embate jurídico. Ele destacou que o contrato foi reiniciado na metade do ano passado com o projeto executivo finalizado em dezembro. Honesko afirmou que abril as obras iniciam, mas reforça que a prioridade deve ser avançar na questão da pista.

Um ponto problemático que se apresenta quanto a ampliação da pista é a questão da linha férrea que ficam nas proximidades do aeroporto. Para uma ampliação ser possível, seria necessária a retirada dos trilhos de trem. Quanto a este tema, Marcelo Rangel disse que a Rumo Logística está aberta a conversar.

Outra sugestão apresentada foi a utilização de uma área da Embrapa para a construção de um novo aeroporto em Ponta Grossa. Entretanto, Sandro Alex explicou que essa possibilidade poderia levar até 15 anos. Diante disso, na própria visão, a proposta não seria viável e não garantiria a permanência da Azul em Ponta Grossa.

Por fim, representantes da DAF Caminhões sugeriram que uma nova rota de voos fosse apresentada à companhia aérea. Ao invés de Ponta Grossa a Campinas, as viagens seriam de Ponta Grossa a Congonhas. Segundo as lideranças da empresa, essa linha teria uma demanda três vezes maior do que a atual.

PRÓXIMOS PASSOS - A reunião terminou com um compromisso de seguir com os estudos e discussões sobre a viabilidade das propostas. Uma nova reunião será agendada para dar continuidade aos encaminhamentos, com o objetivo de definir uma solução concreta para a manutenção e a melhoria da infraestrutura do Aeroporto Sant'Ana.

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